domingo, 15 de novembro de 2009

Instantes de Um Peregrino Sem Fé

11. Museu Ibérico de Arqueologia e Arte de Abrantes

Ir a Abrantes e não visitar, gratuitamente, o Museu Ibérico de Arqueologia e Arte, instalado no convento de S. Domingos, uma edificação do início do século XVI, onde se encontra sepultado, entre outras figuras da nossa História, o Infante D. Fernando, filho de D. Manuel, é como ir a Roma e não ver o Papa.

A manhã ia a meio quando comecei a visita. O meu corpo absorveu imediatamente a frescura proporcionada pelas grossas paredes do pequeno templo. Dei quatro passos e parei sem querer. Os meus sentidos encontravam-se, inexplicavelmente, anestesiados. Percorri, indiferente a tudo, as várias colecções, peça a peça, devagar, tão devagar que esqueci o almoço. O meu estômago solidarizara-se com a minha curiosidade desmedida, a minha necessidade de não ser como era. Recuei no tempo. Entrei no Neolítico e no Calcolítico, nas Idades do Bronze e do Ferro, no Antigo Egipto, na Grécia Antiga (a actual continua a arder), no Mundo Romano, na Arte Chinesa, no Paleo-Cristão, Islão e Idade Média Cristã, no final da Idade Média, no Renascimento, no Barroco. Subi as estreitas e sinuosas escadas de acesso ao coro onde havia trabalhos de dois artistas contemporâneos: Maria Lucília Moita (“Os carvalhos rasgados não são coisas mortas/Ficaram no caminho do vento”) e as “Cidades imaginárias” de João Charters de Almeida. Quanto tempo fiquei diante da tela “Os olhos de ânsia”?Ir a Abrantes e não visitar, gratuitamente, gratuitamente, gratuitamente, o Museu Ibérico de Arqueologia e Arte é como ir a Roma e não ver o Papa. Eu já fui ao Vaticano e não vi o Papa.

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