terça-feira, 6 de abril de 2010

Instantes de Um Peregrino Sem Fé

22. Para Sul ( Continuação)



    A voz do condutor avisou-me
    (chegamos).
    A rapariga desapertou o cinto, movimentou os lábios carnudos e perguntou-me

    (conheces os Muse).
    Sorri-lhe e respondi-lhe.
    Deixaram-me perto da entrada do recinto de um festival de Verão. Ela foi comprar os bilhetes e ele ficou a fumar encostado ao carro. Afastei-me alguns metros. Sentei-me à sombra de um jipe. Decidi, em pouco tempo, ficar por ali. Comprei o bilhete e entrei.
    Acampei no recinto do festival, apesar de não ter tenda. Deitava-me numa tenda que estivesse desocupada. Deixava-me dormir. Quando chegavam os inquilinos, normalmente deixavam-me ficar. E eu ficava a dormir com desconhecidos.
    No último dia de festival, assisti ao concerto de uma banda inglesa. Era a banda cujas músicas ouvira, várias vezes, durante a viagem. A banda chamava-se Muse.
    No final do concerto, deitei-me na primeira tenda desocupada que encontrei. Sentia-me exausto. Adormeci facilmente. Acordei com os primeiros raios de sol. A meu lado encontrava-se deitada uma rapariga, com a cabeça pousada no meu peito, a olhar-me com uns brilhantes olhos azuis. Movimentou os seus lábios carnudos e perguntou-me
   (gostaste dos Muse).
   Sorri-lhe e respondi-lhe.
   (Onde está o rapaz que me deu boleia),
   Perguntei-lhe.
   Sorriu-me e respondeu-me.

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