sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Instantes de Um Peregrino Sem Fé

7. Linha da Beira Baixa
Deveria ser obrigatório, uma obrigação moral, todos os portugueses viajarem nesta linha, entre as estações de Entroncamento e Vila Velha de Ródão, pelo menos uma vez na vida.
Mal avistei o rio Tejo, saltei do conforto do meu banco e o ar condicionado da carruagem e corri para a porta de saída, onde poderia desfrutar de um ponto de observação privilegiado sobre o rio amansado e sobre a margem esquerda. Mantive-me em pé, indiferente ao calor, ao barulho, ao entra-e-sai da casa de banho, à minha segurança, deslumbrado, um deslumbramento de criança, a absorver todos os quadros naturais, fugidios. Apeteceu-me tomar, pela força, a cabine do maquinista e obrigá-lo a parar quando me apetecesse, que me deixasse, durante dois ou três minutos, a saborear a paisagem, o Tejo domado, o Tejo selvagem, a fauna assustada, a corrente a entrar-me através do olhar de criança extasiada. Que pena o comboio não ter avariado!

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