sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Instantes de Um Peregrino Sem Fé

6. Copo Vazio

Uma aragem fresca refrescara a noite e o meu corpo que saltitara de rua em rua. Parei à entrada do pequeno bar. Espreitei para o interior através da porta de vidro. Entrei porque estava vazio de clientes. Com todas as mesas à minha disposição, fiquei indeciso, sem saber onde sentar-me. A empregada, uma mulher morena, com o cabelo muito comprido e um sorriso atractivo, divertia-se, atrás do balcão, com a minha indecisão. Ao fim de três senta-não-senta, ocupei a mesa mais próxima do balcão.
(Boa noite, Sr. Indeciso! O que deseja tomar?)
(Não sei muito bem o que me apetece, Sra. perspicaz. Preciso de mais algum tempo…)
(O bar encerra às duas horas.)
Sorriu-me e afastou-se. Entrou num pequeno compartimento para pôr um dos “Café d’el Mar”.
Regressou ao balcão. Levantei-me e aproximei-me dela.
(Então, já decidiu, Sr. Indeciso?)
(Já. Apetecia-me um copo de companhia com amizade.)
(Companhia posso servir-lhe… Mas amizade não. A não ser que queira trocar a amizade por compreensão. Olhe, que sabe muito bem, um copo de companhia com compreensão!)
Aceitei. Há muito tempo que aprendi a viver sem tudo.

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