quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Instantes de Um Peregrino Sem Fé

5. Riacho Interior

Deitei o meu corpo lavado na cama impessoal. Seria a primeira e a última noite que dormiria naquela cama. Nunca me habituei às camas dos outros. Abri um romance que tirei da mochila cada vez mais desarrumada. Retomei a leitura na página assinalada por um pequeno pedaço de papel onde anotava uma ou outra frase que gostaria de ter sido eu a escrevê-la. Tentava matar o tempo e a noite.
Um som constante, apaziguador, embalador, entrava pela janela entreaberta. Fechei o romance. Desliguei a luz do candeeiro e fiquei a decifrar o som que vinha da rua. Era a corrente de um riacho a cair de um declive.
Fechei os olhos. Mas não queria adormecer. A pergunta, que atormentou o final da minha tarde, reapareceu no meu cérebro
(para onde vou).
Acordei com os primeiros raios de sol a entrarem no quarto. Levantei-me da cama para fechar a janela entreaberta. O som do riacho desaparecera. Escancarei as portadas para me debruçar, o mais que pude, no parapeito. Diante dos meus olhos estendia-se um enorme parque de estacionamento.

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