quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Granito & Água - Parte I













Regresso, frequentemente, às profundezas do silêncio
onde o tempo é sereno
e a voz é esperança.

A solidão segundo Picasso


«Nada pode ser criado sem a solidão. Criei em meu redor uma solidão que ninguém calcula. É muito difícil, hoje em dia, estar-se sozinho, pois existem relógios. Já alguma vez viu um santo com relógio? Não consegui encontrar nenhum, mesmo entre os santos que são considerados os santos padroeiros dos relojoeiros.»

Pablo Picasso

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Camilo Jose Cela




Sete vezes Ah!

Primeira: considerava-se o maior escritor espanhol depois de Cervantes.

Segunda: recusou-se a participar numa homenagem a García Lorca por não querer homenagear "maricones".

Terceira: guardou uma bala no corpo desde a Guerra Civil Espanhola, onde combateu ao lado de Franco.

Quarta: cobrava dinheiro para dar entrevistas e não sorria em nenhuma das fotografias "para que não pensem que a minha vida é alegre e fácil".

Quinta: passeou-se numa cidade europeia, para onde o tinham convidado, com uma rosa pendurada na braguilha.

Sexta: "A Colméia", porventura a sua obra-prima, foi proibida pela censura em Espanha por causa do excessivo erotismo, acabando por ser publicada em Buenos Aires, na Argentina.

Sétima: diz-se que obteve um divórcio, ao conseguir que o juíz o considerasse imaturo aos trinta anos de idade, quando casou.


Camilo Jose Cela, escritor galego (Pádron, 11 de Maio de 1916 - Madrid, 17 de Janeiro de 2002)

A propósito do Parlamento Português...

«Permaneço uma coisa e uma coisa apenas: um palhaço. Isso coloca-me num plano mais elevado do que qualquer político.»
Charlie Chaplin

terça-feira, 22 de dezembro de 2009



December Song (I Dreamed Of Christmas)
written by George Michael & David Austin

Merry Christmas
Merry Christmas
May your every New Year dream come true

Sweet December song
The melody that saved me
On those less than silent nights
When snow would fall upon my bed
White sugar from Jesus
And take me to the day
She could always smile
The Virgin Child would always show, you see
Just to save me
(Just to save me)

There was always Christmas time
To wipe the year away
I guess that Mum and Dad decided
That the war would have to wait

There was always Christmas time
Jesus came to stay
I could believe in peace on Earth
And I could watch TV all day
So I dreamed of Christmas

Maybe since you've gone
I went a little crazy
God knows they can see (the child)
But the snow that falls upon my bed
That loving I needed
Falls every single day
For each and every child
The Virgin smiles for all to see
But you kept her from me

There was always Christmas time
To wipe the year away
I guess that Mum and Dad decided
That the war would have to wait

There was always Christmas time
Jesus came to stay
I could believe in peace on Earth
And I could watch TV all day
And so I dreamed of Christmas
Yes, I dreamed like you

Merry Christmas
Merry Christmas
May your every New Year dream come true

'Até à Próxima Lua, Mon Amour', no Atelier do Marquês, no Porto




Instantes de Um Peregrino Sem Fé

15. Fim de linha

Desci do comboio na estação de Santa Apolónia. Não tinha ninguém à minha espera. Desencontrei-me com o amigo que deveria esperar-me. Mais um desencontro. De quantos desencontros são feitas as vidas?
Telefonei-lhe. Prometeu-me que demoraria 15m a chegar. Eu previ 40m. Aproveitei o tempo para vaguear pela estação. Os dias e, sobretudo, as noites ensinaram-me a esperar. Nem sempre é fácil saber esperar. Andei de um lado para o outro, entretido a assistir ao reencontro e à despedida de pessoas. Abri a porta do cofre, com código, onde guardo os sentidos. Soltei-os pela estação, indiferente à espera. Era constante o vaivém de máquinas, de pessoas, de malas, de avisos sonoros.
Aproveitei a partida de um comboio com destino ao Norte para abandonar o cais. Sentei-me no chão, no exterior da estação. A poucos metros de mim, um grupo de homens despejava, sem ter sede, garrafas de cerveja e de vinho. Todos eles tinham em comum o que não tinham: amanhã. Só tinham ontem. Hoje bebiam o mais que podiam comprar. Eram jovens com corpos estragados, indiferentes ao esforço dos carregadores de malas, que eram velhos com corpos estafados, a puxarem carros cheios de pesadas malas. Na face transportavam o peso do sofrimento.
Quando um dos carregadores de malas, a mancar, se preparava para passar mesmo ao meu lado, levantei-me e ofereci-me para lhe puxar o carro. Ele parou para me olhar nos olhos. Atrás do carro a abarrotar de malas, uma voz de cliente ordenou-lhe
(vamos, não pare que estou com pressa).

domingo, 20 de dezembro de 2009

Ipsis Verbis


«Não a podia matar a ela, claro, como alguns pensaram. Compreendem, eu amava-a. Foi amor à primeira vista, à última vista, a todas as vistas.»
Vladimir Nabokov, Lolita

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

A 2.ª Edição, segundo Maria Barbeitos







A todos os leitores do meu romance,



o melhor do meu sorriso.



As vossas palavras enchem-me a alma.
Até às Próximas Luas, Meus Cúmplices.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Apresentação de 'Até à Próxima Lua, Mon Amour'

atelier do marquês, 19 de Dezembro, sábado

20:30h INAUGURAÇÃO DA EXPOSIÇÃO DOS ALUNOS DO ATELIER DE DESENHO, PINTURA / ALUNOS DO GRUPO DE DESENHO, PINTURA, ESCULTURA DO MUSEU DA QUINTA DE SANTIAGO, LEÇA

21.00h CONCERTO DE JAZZ CADILLAC CLUB TRIO

21.30h APRESENTAÇÃO "Até à próxima lua, Mon Amour" Um romance de Carlos Teixo


*Entrada Livre


atelier do marquês
praça marquês do pombal,
1694000-390 porto

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Para sempre

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio
Mãe, na sua graça
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo
baixava uma lei:
Mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele,velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Lágrimas da Terra


Instantes de Um Peregrino Sem Fé

14.A meio da ponte
O sol ainda era uma criança quando comecei a descer, com passadas largas, a encosta até à ponte, que me permitiria atravessar para a margem esquerda do Tejo onde ficava a estação. Carros apressados cruzavam-se com a minha calma. A frescura da manhã refrescava-me a face.
Entrei na ponte com um passeio estreito dos dois lados. Carros ainda mais apressados ultrapassavam outros carros, desrespeitando a sinalização e as vidas. Sentia o tabuleiro da ponte a tremer debaixo dos meus pés. Evitava olhar para o rio sem corrente, turbo. Sentia-me tremendamente instável. Encorajava-me e ia avançando lentamente, a passo de caracol. O abismo atraía-me, como se tivesse um íman invisível, como se do fundo do rio ouvisse uma voz, um chamamento irresistível. Olhava em frente para o casario de Rossio-ao-Sul-do-Tejo. A meio da ponte, parei e encostei-me ao gradeamento de protecção e fiquei a olhar para o rio, como uma presa olha para a cobra antes de ser ingerida. A água encontrava-se extremamente turba. Não se avistava o fundo. A duzentos metros dali, um areeiro preparava-se para começar a varrer as migalhas do rio. Sentia-me cada vez mais atraído pelo abismo. Dentro de mim, algo começava a ceder, a deixar-se ir indo. Encostei-me à grade de protecção. Tremi ao sentir o metal frio a encostar-se ao meu corpo. Parecia que não tinha vontade, que alguém decidia por mim. A superfície da água ia subindo, subindo, ao meu encontro, quando uma mão quente tocou no meu braço. Era uma mão de mulher. Era um cheiro de mulher. E uma voz perto do meu ouvido esquerdo
(o caminho não é por aí).